quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Autoestima



      A autoestima não depende apenas da imagem que refletimos no espelho, tem a ver também com a imagem que enxergamos de nós mesmos. Gostar de si, confiar em suas capacidades e acima de tudo se respeitar, são elementos básicos para sua definição. Vastamente, a autoestima desempenha um papel essencial na forma como a pessoa percebe a si mesmo e a maneira como se relaciona com os outros e com o mundo, bem como a forma como encara os desafios cotidianos e defende seus interesses.  
      O desenvolvimento da autoestima acontece ainda na infância. Inicialmente, se dá através do acolhimento da criança por seus pais, desde a época gestacional, de acordo com o sentido e significado da gravidez na relação conjugal. Logo após, algumas das atitudes dos pais e das pessoas do convívio familiar da criança podem vir a confirmar sua singularidade e assim firmar sua estima. Dessa forma, atitudes simples como escutar os filhos, ouvindo-os e assim, reconhecendo-os são primordiais para o desenvolvimento da autoestima.
   O que se pode dizer então é que o desenvolvimento da autoestima perpassa necessariamente pela validação e reconhecimento alheio. De tal modo que, quando mais consistente a estima por si, menor será a necessidade de se buscar no outro o reconhecimento, isto é, quando a pessoa tem a convicção de ser, não precisa que os outros lhe confirmem isso o tempo todo. Por outro lado, quando não há a construção da autoestima, o orgulho e a arrogância se fazem presentes, o contrário também pode acontecer, quando se há tendência a se portar como humilde, na tentativa de conseguir o reconhecimento público.
       A presença ou a ausência da autoestima pode se percebida em diferentes situações. No entanto, a relação amorosa é justamente o palco para que isso aconteça. O que se pode perceber é que em muitas relações o parceiro é colocado diante da valorização da estima do outro, sendo responsabilizado per tentar fazer a recomposição destas falhas.
      A falta de estima por si acaba por colocar o parceiro diante da necessidade de fazê-lo, ficando depositado no outro a responsabilidade e controle pelo bem estar e felicidade do parceiro, que deveriam ser procurados e descobertos em si, e não no outro. Tal dificuldade causa a necessidade de se estar em um relacionamento amoroso, pois acredita que  outro será fonte de felicidade e realizações.
      Assim, a pessoa que tem baixa autoestima frequentemente teme perder a pessoa amada, pois, perder o parceiro implica na falência de sua estima e, para não perdê-la, tenta se enquadrar nos padrões que avalia serem desejáveis pelo cônjuge, isto é, a pessoa abre mão de sua singularidade em prol do "amor " e reconhecimento do parceiro.
       Além disso, pessoas com baixa autoestima não se sentem capazes de valorizar a si mesmo, podendo apresentar tendência a duvidar dos sentimentos que o parceiro nutre por si, pois se sentem incapacitados de ser amado e assim manter a afeição do outro, vivendo sempre com medo de ser abandonado ou trocado, o que acaba por distanciar os parceiros e assim, fragilizar o laço conjugal.
       O que se pode perceber é que a pessoa com baixa autoestima tem a necessidade de estar em uma relação conjugal, e por esse motivo, muitas vezes acaba por se prender a uma relação que não esteja lhe trazendo verdadeira satisfação, por outro lado, sua insegurança e falta de valorização pessoal podem levar à falência do laço conjugal. O término da relação para qualquer pessoa é um momento delicado, pois passa naturalmente pelo luto da perda da relação, no entanto, pessoas com baixa autoestima mostram-se mais fragilizadas melancólicas com a perda.
       A estima só se torna autoestima então quando nos apoderamos dela e não dependemos mais do reconhecimento do outro para existir. Em meio a uma relação conjugal, pode-se dizer que a autoestima é um fator determinante para uma relação saudável, pois os parceiros são capazes de reconhecer seus valores, desejo e interesses, bem como o que lhe proporciona bem estar e felicidade, não depositando no outro tal responsabilidade.

Ψ Psicoterapia e autoestima: O processo psicoterápico perpassa por um reconhecimento dos valores e qualidades, bem como na revalorização da autoimagem. Melhorar a autoestima requer um mergulho profundo dentro de si mesmo, exigindo uma avaliação do comportamento e das convicções, questionando-as e descartando tudo aquilo que auxilia para a baixa estima por si. O aumento da autoestima exige um trabalho de modificação e o rompimento de certos padrões comportamentais que foram usados por quase uma vida inteira. Neste sentido, a psicoterapia com casais, no qual, um ou ambos os cônjuges apresentem baixa autoestima requer a valorização do ser humano de tal modo que se possa compreender que para estar bem como o outro é necessário antes estar bem consigo, conhecendo suas vontades, valores e desejos, sem depositar sua felicidade e bem estar sob a responsabilidade do parceiro.