segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Filhos no divórcio



      Atualmente o divórcio parece ser uma realidade cada vez mais presente nas relações conjugais, no entanto, é sempre uma crise no ciclo evolutivo da vida familiar. Isto é, caracteriza uma crise onde toda a família é afetada, pois gera mudanças na estrutura familiar, podendo, muitas vezes, alterar inclusive os papéis e hierarquias do sistema familiar.
       Diante do divórcio o casal precisa trabalhar sua dor pessoal como marido e mulher e elaborar o luto da perda da relação, ao mesmo tempo em que devem manter o papel de pais. Mas, como ficam os filhos após o divórcio?
     Poucas crianças demonstram sentirem-se aliviadas com a decisão dos pais em se divorciarem, para tanto, é preciso que a criança possa compreender que a separação é um projeto do casal, e não entre pais e filhos.
         O que se pode perceber é que os problemas do casal sempre afetam os filhos, em maior ou menor grau. Sendo assim, as consequências existem sim, mas elas podem aumentar ou intensificar de acordo com diversos fatores, dentre eles a forma como o casal irá lidar com a separação.
       O que quero dizer é que, quando os pais se separam de forma amigável, após considerar cuidadosamente todas as alternativas possíveis, tendo em vista as reais consequências desse  passo para toda a família e conseguem manter um relacionamento saudável enquanto pais, é provável que os filhos consigam elaborar as mudanças provenientes da saída de um dos pais de casa. Podendo os filhos inclusive se desenvolverem satisfatoriamente, com pouca probabilidade de vir a desenvolver desgastes psicológicos duradouros.
   O contrário também pode vir a acontecer, quando os filhos se sentem rejeitados, desamparados e mal informados com a situação. Ou ainda, quando os pais não conseguem elaborar o luto da perda da relação, de modo que permanecem ressentidos um com o outro e acabam utilizando os filhos como forma de alienação parental, isto é, como aliados, os colocando diante conflitos de lealdade, onde têm que escolher qual dos pais apoiar. Além de os usarem como alvo de disputa entre o casal, o que, inevitavelmente, poderá prejudicar o vínculo relacional com um dos pais, o mais provável é que os filhos venham a desenvolver interferências significativas no seu desenvolvimento.
       Além disso, o que tem sido observado é que a reação dos filhos irá variar de acordo com a idade e ciclo de vida. Crianças mais novas são mais propensas a apresentar um quadro regressivo após a saída de um dos pais de casa, se tornando mais solicitante e dependente do genitor que permanece com a guarda, além de apresentarem constantemente medos extremos. É comum ainda o declínio do rendimento escolar e demonstração da tristeza e insatisfação com o divórcio dos pais.
        Pré-adolescentes, em geral, costumam reagir com raiva de ambos os pais ou daquele que considera ser o culpado pela separação. Por vezes demonstram ansiedade, solidão e sentimentos de humilhação por sua própria impotência diante do ocorrido. Além disso, o desempenho escolar e o relacionamento com colegas e amigos também podem ter prejuízo. Já os adolescentes sofrem com o divórcio muitas vezes com depressão, raiva intensa ou com comportamentos rebeldes e desorganizados.

Ψ Filhos no divórcio em psicoterapia: A psicoterapia familiar tem muito a ajudar neste caso, pois auxilia a família a avançar rumo a uma melhor adaptação da nova realidade vivenciada, isto é, a se reorganizar para passar pela crise sem danos persistentes ao longo da vida. Cabe ressaltar que a psicoterapia individual também pode ser útil para os pais, para que possam refazer suas vidas individualmente enquanto homem e mulher. Além disso, antes da efetivação do divórcio, a psicoterapia de casal pode auxiliar para que o casal posa se separar amigavelmente, reconhecendo suas possibilidades e as possíveis consequências desse ato.