sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Infidelidade


       Atualmente, para muitos, a infidelidade no casamento pode ser percebida como fruto da crescente fragilidade do sistema matrimonial. Além disso, há quem diga que a infidelidade é a pior coisa que um cônjuge possa fazer ao seu parceiro. Contudo, o que se pode perceber é que esta é uma das situações mais perturbadoras dentro de um casamento, pois além do ato sexual, envolve também as mentiras, que por sua vez caracterizam a traição. Desta forma, o que se pode observar é que a infidelidade vem sempre acompanhada de segredos e mentiras, o que é entendido pelos cônjuges como um ato de desonestidade, que pode vir a acabar com a relação conjugal. 
    Assim, a infidelidade é a quebra de confiança, a traição do acordo de monogamia estabelecido entre o casal, o que faz com que o infiel permaneça cercado de sentimentos de culpa, pois está traindo o acordo matrimonial, traindo assim não só seu parceiro como também seus próprios valores. Por outro lado, aquele que foi traído é acometido por sentimentos de raiva e incompreensão, levando-o a buscar razões que expliquem o ocorrido, o que nem sempre é uma tarefa fácil. 
       É justamente a compreensão ou incompreensão, por ambos os cônjuges, dos fatores que impulsionaram à infidelidade que podem levar o casal à manutenção ou ao rompimento da relação conjugal. Melhor dizendo, em alguns casos, as diferenças existentes entre os cônjuges são tão grandes que acabam levando o casal à infidelidade e, quando ambos se dão conta disso, se deparam com a falta de razões para continuarem na relação. Por outro lado, quando o casal não consegue descobrir o que os levou à infidelidade, a manutenção do vínculo conjugal se torna impossível, mesmo que estejam dispostos a se perdoarem e darem seguimento com a relação. O contrário também pode vir a acontecer, quando o casal consegue entender as razões que os levaram à infidelidade e tornam-se capazes de propor a manutenção do vínculo conjugal, e assim criarem formas mais satisfatórias de interação.
    Dessa forma, a crise conjugal decorrente da infidelidade proporciona aos parceiros a reflexão sobre o vínculo conjugal. Muitos casais se mostram capazes de superar a infidelidade e construir vias mais sólidas de se relacionarem, no entanto para muitos, esta pode ser uma crise irreversível de perda de confiança e desejo na relação, evoluindo consequentemente para um divórcio.
       O que se tem observado é que existem inúmeras razões que levam o casal à infidelidade, mas em todos os casos, a crise na relação reflete um sinal de mal estar e a necessidade de mudanças. Isto é, a necessidade de aprender a lidar com as adversidades que naturalmente aparecerão na relação a dois.
      Atualmente, a infidelidade pode ser percebida como uma problemática que perdura sobre os casais. No entanto, não consiste em um ato socialmente aceito, de tal modo que, aquele que traí, muitas vezes é visto como o vilão no casamento, sendo o traído percebido como vítima. Entretanto o que se pode perceber é que a infidelidade denuncia uma insatisfação na relação, isto é, o espaço de descontentamento existente entre o casal, o que possibilita a entrada de um terceiro, muitas vezes na intenção de preenchimento deste vazio. Assim, esses julgamentos não são totalmente corretos, pois, para se compreender os reais motivos que levaram à infidelidade, é importante conhecer o casal e o modelo de interação existente entre os cônjuges.
     Além disso, por ser um ato condenável socialmente, valores culturais e sociais também têm seu peso, podendo ser relevantes na decisão de perdão e manutenção do vínculo conjugal ou na  dissolução do casamento. Assim, a infidelidade envolve também valores de julgamento de valor e moralidade, de tal modo que, para alguns casais, ter que lidar com a infidelidade quando esta se torna um ato público faz dela um conflito irreversível, levando o casal, necessariamente, ao divórcio.

 Ψ Psicoterapia e infidelidade conjugal: Muitos casais recorrem à psicoterapia em momentos de infidelidade, alguns desses, buscam ajuda para a manutenção do vínculo conjugal, tendo na psicoterapia um auxílio para o entendimento dos motivos que impulsionaram a traição, assim, buscam os ajustes necessários para a conservação do laço conjugal. Por outro lado, os casais podem recorrer à psicoterapia no intuito de efetivar o divórcio, para que este aconteça da forma mais amena possível. Em ambos os casos, é indicado a psicoterapia de casal. Cabe ressaltar que, quando o casal possui filhos, a infidelidade pode afetar não apenas o subsistema conjugal, estendendo-se a todo o sistema familiar, em casos como esses, pode-se realizar a psicoterapia de família. Além disso, a psicoterapia pode ser realizada também individualmente, tanto com aquele que traiu quanto com o que foi traído, dependendo das demandas individuais de cada um, seja para que consiga refazer seu casamento, ou para reestruturar sua vida individualmente após uma traição.